Um ano e meio após o susto algumas empresas ainda tentam entender a dimensão do que está acontecendo.
Outras já fazem pouco caso achando que tudo não passou de uma solução emergencial, provisória. Tem aquelas que se movimentam para transformar a cultura, e muitas que esperam no formato híbrido a grande salvação do futuro.
Talvez o que exista em comum entre elas é a ideia do trabalho flexível ter surgido do nada, sem nenhuma intenção e planejamento, somando-se o fato de que o motivo foi o pior possível.
Mas apesar de todo o esforço da adaptação, falar em retomada a essa altura já não parece tão razoável.
O mundo do trabalho que vivemos até março de 2020 talvez nem exista mais. Ou até existe, mas está passando por uma mudança que não é nada sutil.
Retomar o que era antes faz tanto sentido quanto questionar se o trabalho remoto é uma realidade que veio para ficar.
Parece tudo muito acelerado, mas muitas pessoas há anos se deslocavam diariamente para a empresa para trabalhar através de uma tela. E agora a ficha caiu.
O que chamamos de trabalho remoto muito em breve será apenas trabalho.
Devolver esse tempo às pessoas e dar a possibilidade e as condições do trabalho acontecer de qualquer lugar é ser no mínimo coerente com os tempos atuais.
A experiência improvisada (e uma pandemia de background) enviesou a percepção do que esse movimento pode significar em um cenário próximo. Mas o que mudou não foi só o local onde o trabalho acontece.
O jeito de trabalhar é outro e ainda não percebemos.
Já vivemos um tempo em que é comum as pessoas mudarem de emprego sem levantar da cadeira.
Isso significa que agora a cultura importa ainda mais.
O que vai justificar um profissional trabalhar em uma empresa e não em outra?
Depositar no formato híbrido a esperança de ser a grande solução pode ser perigoso, pois esse ó modelo mais complexo de operar. O híbrido sem uma cultura digital, prioritariamente remota, pode não comportar a magnitude desse fenômeno.
Como depois de tudo isso convencer alguém a retornar ao trabalho presencial?
Especialmente em mercados onde a competição por talentos é mais acirrada vai ser difícil ensaiar essa volta sem enfrentar resistência e perda de talentos.
E se o foco é nas pessoas, pois bem, agora elas descobriram que existe um jeito melhor de viver e trabalhar.
Enquanto a empresa discute se o trabalho remoto veio pra ficar, tem gente já mudando de emprego sem nem precisar levantar da cadeira.