Já vimos que o trabalho remoto que só acontece se for em tempo real não funciona.
Se as pessoas precisam passar o dia atendendo imediatamente a todas as interações, se vivem presas em reuniões, se não podem desgrudar do celular porque vai que alguém chama, se a urgência é o padrão, não existe flexibilidade alguma.
Segundo o autor Steve Glaveski:
Criamos uma versão digitalizada do escritório, com todos os seus vícios e maus hábitos.
Vamos falar do trabalho remoto que faz sentido?
Temos vidas diferentes, e portanto, realidades, contextos, horários, momentos produtivos, rotinas pessoais, tempos de foco diferentes.
Como respeitar e acolher essas diferenças tentando sincronizar o que já é naturalmente fora de sincronia?
A mesma forma de trabalhar e resolver problemas já não funciona mais.
Não sabemos em que contexto as pessoas estão.
Talvez faça sentido para alguém tirar um tempo às oito da noite para responder mensagens porque precisou se dedicar a outras coisas durante o dia, sejam do trabalho ou não. Ou simplesmente porque para ela esse é o horário produtivo do dia.
Mandar uma mensagem fora do expediente não é o maior dos problemas.
O problema é achar que as pessoas estão no seu tempo.
O problema é esperar pela resposta ainda hoje.
O problema é acha que estar conectado é estar disponível.
O problema é utilizar WhatsApp como ferramenta de comunicação interna.
O problema é deixar as notificações ligadas.
O problema é fazer do trabalho remoto um regime de plantão, sendo que no presencial não era.
O problema é querer sincronizar o que está fora de sincronia.
O problema é criar uma relação abusiva no trabalho.
É genuíno buscar soluções para que as pessoas tenham o simples direito à desconexão total.
Mas como diz Steve Glaveski:
Soluções band-aid bem-intencionadas alcançam pouco se as normas tóxicas que roubam a autonomia e o controle dos trabalhadores do conhecimento permanecerem em vigor.
Essa solução precisa passar pelo trabalho assíncrono.
Enquanto não entendermos (e aceitarmos) a comunicação não simultânea, não saberemos lidar com o trabalho a distância.
É isso que realmente dá às pessoas a liberdade de decidir quando e onde trabalhar .
É claro que existem atividades muito específicas, de natureza síncrona e que só acontecem em tempo real, sob uma lógica fixa e estática. Mas não é disso que estamos falando.
Se a adoção ao trabalho remoto já foi superada o próximo passo é ser assíncrono por padrão.