Esses dias conversamos com um membro da Comunidade Officeless e trocamos uma ideia (remotamente, of course) com o Bruno Bonini — designer estratégico da Ignus Digital e um questionador sobre processos e modelos de trabalho. No bate-papo, ele falou sobre liderança, trabalho remoto e a relação disso tudo com a cultura das empresas.
Ouvindo os relatos e as vivências do Bruno e, para mim, ficou ainda mais claro o que sempre pensei: um líder é como um capitão de um time de futebol.
Nas palavras do Bruno…
“O middle manager vai morrer. Nós temos que começar a entender que está surgindo um papel de líder e ele vai deixar de ser a pessoa que toma todas as decisões. O líder é parte do time, ainda se vê como responsável pelas tomadas de decisões, mas assume que nem sempre é ele quem vai precisar estar diretamente envolvido nisso. Ele permite que o time consiga tomar as decisões e trabalhar em rede. O gestor super-herói some e quem aparece é um líder com a função de ser facilitador.”
Voltando ao que eu estava falando, o líder é o capitão que está em campo, como todos os outros, mas é ele quem motiva o time a continuar correndo — mesmo que tudo esteja dando errado. Ele não é o chefe e nem fala para ninguém obedecer ordens.
E o líder no trabalho remoto?
“Se o seu superior não acreditar que as reuniões à distância funcionam, ele vai pedir para você estar presente fisicamente nesses momentos, mesmo que seja seu premiado dia de trabalhar de casa.” — Bruno Bonini
Ter escutado isso me fez lembrar de uma realidade que a maioria das empresa vive: a cultura da insegurança. Mas, como o próprio Bruno disse… “Se o seu chefe não confia em você, não quer dizer que você não seja uma pessoa digna de confiança. É o simples fato de que ele não confia nele mesmo”.
Agora, se você que está aí do outro lado da tela do computador for um líder, você sabe que a forma mais efetiva de liderar é pelo exemplo. O que isso significa?
Vamos supor que a sua organização acredita no trabalho remoto e disponibiliza as ferramentas necessárias para fazer isso acontecer. Esse discurso deve ser refletido nas SUAS ações. Porque é SUA responsabilidade definir os comportamentos que as outras pessoas vão se inspirar e emular.
Afinal, um time que assume o papel de liderança influencia muito mais a cultura da empresa do que um simples cartaz com os valores pendurados no hall de entrada.
Sei que ainda existem muitos líderes que querem se libertar, assim como o Bruno fez, dos modelos de trabalho e de gestão impostos pela Revolução Industrial. E, se você for um deles, eu quero te contar que você tem a força para fazer isso acontecer.
O trabalho remoto é sim uma alternativa para liderar e se relacionar de maneira mais produtiva com o seu time, mas você precisa espalhar esse mindset na sua equipe. Porém, seja sincero, reconheça que essa é uma mudança de hábito e isso pode levar tempo.
Uma dica que sempre dou quando estou falando sobre esses processos de mudança é: crie espaços para adaptações. Tenha momentos onde o time possa compartilhar o que está funcionando e o que não está funcionando dentro dessa nova realidade para ir em busca de novas alternativas.
A maneira como isso será feito, seja uma reunião remota semanal de retrospectiva ou uma thread assíncrona, não importa. O que vale é ter insumos para evoluir. E, para fechar, mais uma frase do Bruno que vale a pena ser compartilhada:
Integridade não é fruto de cobrança ou supervisão, mas floresce em relações de confiança.
Obrigada por dividir e espalhar esse movimento com a gente, Bruno!